Com toda
certeza você deve ter ouvido ou lido em algum lugar que a pandemia causada pelo
COVID-19 e o isolamento social tem deixado as pessoas um tanto nervosas, angustiadas
e porque não, solitárias. Os casos de conflitos familiares e sociais teve um
aumento considerável, situação péssima para a época em que estamos passando. Infelizmente
é o preço que se paga para se manter seguro em nossa atual condição, assim
penso.
Estamos vivenciando um momento em que deve haver união, por mais isolados que
devemos ficar. Evitar brigas, desentendimentos ou outras coisas do gênero. Mas
nem todos tem essa perspectiva. Quer saber o motivo deste texto? Pra isso
devemos voltar dois anos...
Eu tinha uma
amiga, ela era uma entusiasta do movimento urbano-musical chamado emo (sinceramente,
é algo ridículo na minha humilde opinião). Ela vivenciou esta época em que esse
estilo de grupo musical estava no topo. Ainda bem, como toda moda absurda, isso
acabou! Pois a mentalidade dessas pessoas que curtiam essa vibe, era de pessoas
choronas, dengosas e que levavam tudo pro lado emocional e nenhum “pé no chão”,
embora isso tenha terminado e ficado enterrado lá em meados de 2007 ou 8 (não
lembro) para a minha amiga isso jamais terminou (infelizmente).
Por essa
pessoa ter a resistência emocional de uma folha sulfite molhada, ela ficou
extremamente irritada, após visualizar um comentário em que fiz em tom de
brincadeira pelo instagram. Eu a conhecia há anos, conversávamos sobre qualquer
coisa no intervalo das aulas, com toda certeza, imaginei que eu tinha uma
liberdade para brincar e ela a maturidade para entender isso mesmo que seja
pela internet. Não foi o caso. A garota deixou de falar comigo por pelo menos
dois anos.
Enfim chegamos na pandemia...
Voltamos a
conversar pelas redes sociais, logo ela me contara todos os sonhos, segredos e
tudo mais. Por fim ela me surpreende por dizer que também gostaria de ser
cartunista, chegou a me desenhar, eu curti demais o desenho que ela fez de mim,
e curtia demais a empolgação dela pelo tal assunto. Era realmente animador
vê-la contente com a ideia de fazer quadrinhos. Mas como todo iniciante ela
tinha um caminho longevo até onde acreditamos ser o ideal para o trabalho ser
algo apetitoso para o mercado de quadrinhos e ilustração (falando em questões
de qualidade e financeiras). Tomei muitos “nãos”, e ainda estou na plataforma
de iniciante e estudante de desenho e quadrinhos, eu Bruno Fara não sou nenhum
profissional, muito menos um expert nisso. Mas tive contato com esse “mundo
quadrinístico” e pessoas da área quanto tive meu primeiro computador em 2009,
eu tinha algo a passar para ela, pelo menos algo que eu tinha conhecimento e
pudesse ajudar. Eu disse que iria ajuda-la.
Mas como poderei dizer à ela que ela precisava melhorar a qualidade do seu
traço e desenho? Me indaguei por muitos dias sobre isso, levando em conta que
ela herdava aquela velha característica dos emos de 2007 ou 8. Sim, me
preocupei com algo antigo assim, porque a mesma, posta em seus stories do
instagram que estava vivenciando esta época novamente durante este período de
pandemia. Logo fiquei preocupado (logo você vai entender). Às vezes eu
perguntava se ela estava estudando anatomia, observação, perspectiva e coisas
assim, pois de fato, eu realmente queria motiva-la a melhorar seus desenhos. Quando
eu disse isso claramente à ela, logo a mesma me solta essa:
“Ah eu não curto essa coisa de evolução (aqui no sentido de evoluir o traço) me
causa uma certa pressão, sei lá. Mas gosto como estou.”
E eu levando
em conta que ela estava afim de entrar no mercado das ilustrações e HQs, eu
disse:
“ Bom se quiser trabalhar com isso, vai ter que melhorar.”
Eu dei um
toque em minha amiga de que o mercado exige qualidade, ainda mais para um
público exigente que é os nerds e no que se diz respeito à arte como um todo
(como já dizia Sir Roger Scruton: A Beleza importa!) Ela devia entender esse
ponto que TODO artista, seja ele profissional ou não, está sempre procurando
“evoluir” seu traço, suas noções artísticas. Jamais se contenta com o que tem,
isso soa até um drama. Tanto eu quanto ela estamos no “mesmo barco” como se diz
popularmente, porque não somos profissionais, mas sim apenas amadores o que nos
resta é procurar melhorar a qualidade cada vez mais. Enfurecida, dispara
ofensas e me pede para excluir as minhas fotos com ela (o pedido foi ignorado).
Eu não mandei uma resposta, apenas visualizei. Logicamente fiquei triste com o
episódio, pois eu dou muito valor à amizades, isso é importante, mas por ela
não aceitar críticas o pior que imaginei de fato ocorreu, ela perdeu uma
amizade de 10 anos. O que é triste pois neste momento onde vivemos um contato
extremamente restrito, há pessoas que não entendem que podem fazer o bem mesmo
estando longe fisicamente, apenas oferecendo sua amizade e companheirismo. É o
que acredito que nos mantém unidos agora, por tanto jovens... não briguem e não
lancem mão de suas amizades por mero capricho ou qualquer motivo pífio. Espero
que vocês fiquem bem, se cuidem, e tenham uma ótima saúde!
Abraços!
B.F.